(Spasm)
Olha p'ra mim espalhando o meu espanto em cada canto.
Sou falhado e só encanto com palavras, porque os actos
São inatos... Inerentes ao dilema
Provocado pela nuvem que chove magia negra...
Sou nada, boa noite, a mim me apresento:
E vim da terra do nunca sei se serei p'ra sempre.
Com a busca permanente do que sou fui ao futuro
Nada querido e sem sítio que me abrigue ou que me ajude.
Vou viver à chuva, porque a ponte é para os mais fortes,
Se eu alguma vez fui forte? Fui um forte saco de boxe.
Na melhor hipótese… Hei-de morrer só e pronto,
Já estou pronto para um pranto no meu canto.
Que a vida é relâmpago, faltam só 17 anos
Portanto acho de bom-tom começar a esquecer planos... (querida...)
Vou andando num processo sombrio como conto,
E conto com ninguém p'ra que ponha um ponto nisto!
Nasci sem karma, jogado na roleta russa
E eu já sei que vou morrer com o tal tiro na fuça,
E nem que a vaca tussa eu não estou safo,
Eu vou virar o farrapo consolador do fracasso.
Eu estou assim, perco o sentido a cada dia e ninguém sabe...
O que eu sou todos os dias? (Acabado confirmado!)
Gajo raro, tempo tenho contado até à morte,
O meu corpo é uma bomba, a minha mente é um relógio.
Olhem p'ra mim palhaços, sou chanfrado dos miolos,
Estou gozo a deitar fumo, tão vermelho nos meus olhos.
Sonhos? Conto que o dia que eu falo apareça…
E eu não tenha que mexer a palha p'ra que aconteça.
Sem chamar a atenção rapaz, que eu sou da paz
E o que a minha ideia traz nada de conflito faz.
Acabo logo, zás, ali espalhado no chão,
Entretanto eu vou gritando a Deus, quero atenção!
Olha para mim, sou morto, Deus!
Começa hoje a minha morte em Terra. Daí a 17 anos estarei caído num chão de mármore branco ensanguentado, com o mundo a rir-se da minha estupidez inerente em não tentar nem contrariar o facto que desde hoje se apoderou da minha mente. Eu acredito. Se há quem acredite em Deus, há quem acredite nisto, e eu também acredito em fantasias da minha mente.
Talvez essa palavra seja dada por essa entidade, e desta forma...
(Sarcasmo)
Ragnarök, Ragnarök, sê bem-vindo ao desastre,
Montado no meu Cavalo-de-Tróia verde-morte que abraçaste...
Qualquer rasto com que ficaste da semente que o alfange transporta
É porque lhe abriste a porta, enforca-te...
Foi como viu João, quatros selos abertos com tua fraqueza inerte,
Ah! Tu já morreste, isso é que me diverte:
Esperar enquanto salivavas o boémio conformismo
Que deu o teu passo em frente no frente-a-frente com o abismo...
Doce ironia ver-te nesse estado,
Saber que és uma concha vazia em suicídio continuado,
És uma questão de eutanásia, uma questão de deixar de o ser,
Que eu tenho uma gadanha pós-moderna em forma de revólver...
Ajoelha-te perante a inevitabilidade do destino,
Perante o facto de estar tudo decidido,
Perante o facto de não teres alternativa, a não ser seguir a minha...
Então agradece a piedade, em te juntar à tua vida!
credits
from Ema,
released March 17, 2012
Letra e interpretação por Spasm e Sarcasmo.
Gravada, misturada e masterizada por Michael "Mic" Ferreira na Sine Factory.
Conversational bars and dark, murky production define the excellent new record from New Orleans rappers NOFACESMOOV. Bandcamp New & Notable Nov 7, 2022